"Quem tem medo da diversidade?", campanha do Centro Universitário Una diz não ao preconceito


Fotos que celebram a diversidade de raça, orientação sexual, crença, gênero, corpos e famílias e incentivam o respeito à diferença. Essa é a proposta da campanha "Quem tem medo da diversidade?", promovida por professores e estudantes do Instituto de Comunicação e Artes do Centro Universitário Una, em Belo Horizonte, iniciada ontem, 17 de setembro. A campanha conta com a parceria do Una-se contra a homofobia, projeto de extensão da Una.

"Temos visto recentemente na mídia brasileira muitos casos de racismo, homofobia, violência contra mulheres e idosos e preconceitos contra crenças. Mas não faz sentido combatermos discursos de ódio com mais ódio. Nossa intenção foi chamar atenção para o absurdo dessa situação", explica a professora de Cinema e Jornalismo Tatiana Carvalho Costa, uma das coordenadoras da campanha. "O mundo é grande e cabe todos nós!", defende.


A campanha, que partiu de um convite pelas redes sociais, tem chamado a atenção. No primeiro dia da sessão de fotos, 70 pessoas compareceram para serem clicadas. As fotos estão sendo postadas na página do Facebook do Una-se contra a Homofobia

A próxima sessão será no sábado, 20 de setembro, no campus Liberdade II (Icbeu), rua da Bahia, 1.723, bairro de Lourdes. A ação ocorrerá das 9h30 às 13h.

No primeiro dia, uma equipe do Jornal da Alterosa cobriu as atividades. Veja abaixo a reportagem que foi ao ar no dia 17 de setembro.



Evento no próximo sábado marca Dia Internacional de Combate à Homofobia


No último dia 10 de maio, duas travestis foram assassinadas na região da Pampulha, em Belo Horizonte. Em 2013, em todo o país, o número chegou a 312 assassinatos de pessoas LGBTs. Para denunciar essa crescente violência será realizado um grande ato no próximo sábado, 17 de maio, a partir das 14h, na Praça 7, centro de BH. Denominado “17 de Maio – Dia Internacional de Luta contra a Homofobia”, o evento é realizado por várias entidades que defendem direitos LGBTs e direitos humanos. A iniciativa tem o apoio do  Una-se contra a Homofobia.

“No ano passado foram mortas 13 travestis e transexuais na capital mineira. Faltam políticas públicas para essa população na área de segurança, educação e saúde. Elas continuam invisíveis. Essa situação precisa mudar”, afirma Anyky Lima, presidenta do Cellos-MG, uma das entidades que organiza o ato.


Anyky Lima (à direita segurando a bandeira) denuncia a 
 violência contra a população trans

São reivindicações principais do ato o fim da violência contra a população LGBT, a despatologização das identidades trans e o fim do machismo e da lesbofobia.  “Sofremos uma dupla opressão: por sermos mulheres e por sermos lésbicas. Nossa sexualidade é sempre questionada e tratada como fetiche masculino”, explica a estudante Gabriela Lamournier, integrante do Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania LGBT da UFMG - NUH. “Somos donas de nossos corpos e desejos”, defende.

Para o bibliotecário Mateus Uerlei, mestre em Ciência da Informação, militante do Juntos! BH e do Cellos-MG, o ato ganha maior relevância por reunir aproximadamente 30 entidades na organização. “É uma novidade termos tantos grupos e entidades de Minas e do Brasil na realização do ato. O tema se faz mais do que nunca necessário e urgente. Em 2014, até o dia 27 de abril, já ocorreram 120 assassinatos, ou seja, mais de uma morte por dia. Mesmo assim há uma carência de políticas públicas efetivas de combate a essa violência”, aponta Mateus.

Colóquio sobre violência contra travestis e transexuais ocorre nesta quarta, 7 de maio

A crescente violência contra travestis e transexuais na região metropolitana de Belo Horizonte tem preocupado. Essa situação motivou  o “1°Colóquio sobre (In)Visibilidade Trans: Direitos Humanos e enfrentamento da violência”, que ocorre no próximo dia sete de maio (quarta-feira), às 17h, no 3°andar (no Território Livre) da Faculdade de Direito e Ciências do Estado, no centro de BH. A entrada é franca e não requer inscrição. O evento é uma iniciativa de estudantes dos cursos de Direito, Ciências do Estado e Psicologia da UFMG e conta com a parceria do Una-se contra a Homofobia

“Essa violência contra travestis e transexuais permanece invisível no nosso país. É uma questão de direitos humanos e acreditamos ser papel da universidade promover o debate. Planejamos o colóquio trazendo nomes nacionais que discutem o tema. O momento é oportuno, já que 17 de maio é o Dia Internacional de Combate à Homofobia”, explica Olívia Paixão, estudante de Direito da UFMG e uma das organizadoras do evento.

Os organizadores do colóquio, como Olívia Paixão, promoverem uma campanha nas redes sociais para denunciar a violência contra travestis e transexuais


Como debatedores, o 1°Colóquio sobre (In)Visibilidade Trans traz a presidenta da Articulação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra),  Cris Stefanny, o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, deputado Durval Ângelo (PT), e Raul Capistrano, colaborador na pesquisa “Transexualidades e Saúde no Brasil”, do Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania LGBT da UFMG (Nuh/UFMG). A mesa será coordenada pela doutoranda em Psicologia Social da UFMG Rafaela Vasconcelos.

Uma das grandes novidades do Colóquio será a disponibilização de uma impressora para travestis e transexuais requererem a confecção de cartões do SUS utilizando seus nomes sociais. “Este direito já é garantido pela Carta de Usuários do SUS, mas não é amplamente conhecido. Muitos funcionários dos postos de saúde não utilizam o nome social de travestis e transexuais por desconhecimento desta Carta”, explica Olívia Paixão. A vinda da impressora foi uma iniciativa do Nuh/UFMG em parceria com o Ministério da Saúde / DATASUS – Departamento de Informática do SUS. Os cartões serão confeccionados no 1°andar da Faculdade de Direito e Ciências do Estado. Para obter o cartão é necessário levar um documento de identificação. O serviço é gratuito.



Moda ainda ousa pouco ao lidar com os gêneros, acredita pesquisadora


Mestre em “Moda, arte e cultura” e pesquisadora de história da moda, a professora Mariana Tavares Rodrigues acredita que ainda há pouco inovação na moda quando se fala em papeis de gênero. "Tem muito velho pensando velho, muito jovem pensando velho, poucos jovens pensando o novo", critica. Marina Rodrigues, professora do curso de Moda do Centro Universitário UNA, participa hoje à noite da mesa "Moda, mídia e gênero: tensões e ambiguidades na contemporaneidade", que integra o II Mês da Diversidade Casa Una. A mesa ocorre às 19h, na Casa Una de Cultura (r. Aimorés, 1451 – Lourdes). Gratuito, o evento tem lotação máxima de 60 pessoas.



Henrique VIII: o traje reforçando o masculino

A moda parece ter oscilado, ao longo da história, entre reafirmar as diferenças entre os gêneros e desconstruir essas diferenças. Essa impressão é correta?

Acho que esta impressão se restringe ao século XX, nos anteriores, a moda reafirmava a diferença.

Em que momento da história homens e mulheres foram opostos em sua maneira de vestir? Em que momento, eles se vestiram de maneira próxima?

Falando de Ocidente: durante toda a Antiguidade clássica e até bem para dentro da Idade Média, tanto as roupas de homens quanto as de mulheres eram simplesmente túnicas sobre o corpo - mais compridas e decoradas para os ricos, mais curtas e de tecido mais rústico para os pobres.

Entre os séculos XIII, XIV e XV, algo começou a mudar. Essa mudança foi justamente o alargamento da sociedade ocidental, que se aventurou pelo mundo afora, conheceu outros lugares e pessoas, e começou a negociar com estes outros. Nesse momento, a moda, que só se mostra a partir da circulação contínua de novidades (no caso moda em vestuário), aparece no Ocidente, que já vinha se modificando, transformando sua economia, passando do feudalismo para o mercantilismo.

O comércio era o grande gerador de negócios e, para comerciar, era preciso viajar, conhecer os Outros. As cortes das cidades estados italianas estavam se formando e as nações europeias vinham se digladiando em direção ao poder monárquico absoluto. Há uma maior separação entre os nobres e o "resto". Essa separação passa a ser reivindicada através da cultura material: diferenças. Foi nesse momento que os homens passaram a usar formalmente os calções: a primeira geração das nossas calças compridas. Então, falando apenas das elites: mulheres com saias, muitas saias que dificultavam a sua circulação; homens com os calções - peça bifurcada, prática e ágil, que facilitava a sua circulação. 


Mulher no séc. XIX: roupa proporcionava pouca mobilidade

Atualmente, em relação à moda, avançamos em relação aos papeis de gênero? Qual grande tabu precisa ainda cair?

Esse sistema que separa roupas de homens e mulheres é antigo e se auto-alimenta. Em alguns lugares, como Londres e Nova Iorque, mas acima de tudo, Londres, é comum ver nas ruas homens com tecidos, estampas, cores, que até então eram apenas vistos em roupas de mulheres. Mas a sociedade londrina não é muito coletiva, a obsessão com o eu individual se espelha no uso da moda, ou seja, quebrando barreiras e tabus. Isso não é algo restrito à comunidade gay. Os jovens já se apresentam menos rígidos com modelos, unindo a ideia de moda à de auto-imagem (e a vaidade entra aí também).

No Brasil, temos mais a ideia de ser diferente porque faço parte de um grupo tal (e aí você tem dos eternos funkeiros às patricinhas etc...). Repare que o nível de conformidade entre eles é muito grande. Numa festa de patricinhas, todas estão iguais. Numa de funkeiros, também. Os homens héteros, sem restringir o credo, também são, assim como as populares do centro da cidade. O que une é o pertencimento. E para pertencer tem que ser igual, mas só um pouquinho diferente.

O grupo que eu mais vejo ousando são os gays. As lésbicas também parecem andar de uniforme. Algo de ousado existe entre eles que gostam de cuidar da aparência, com níveis de aprofundamento antes considerados femininos.


Talvez o passado patronal e machista do Brasil venha interferindo até hoje no que é coisa de homem e coisa de mulher. Para mim a nossa sociedade ainda não percebeu que não há diferenças entre os sexos além das físicas, mas que essas não precisam estabelecer padrões tão antagônicos no consumo vestimentar. Ou seja, tem muito velho pensando velho, muito jovem pensando velho, poucos jovens pensando o novo. 


A professora Mariana Rodrigues

Mês da Diversidade: Mesa, nesta sexta, discute moda, publicidade e representações da mulher


Como a moda reforça nossas noções de homem e de mulher? Existe uma estética gay no modo de se vestir? Quando a publicidade torna-se abertamente machista? Essas e outras questões serão debatidas nesta sexta-feira, 4 de outubro, na mesa “Moda, mídia e gênero:  tensões e ambiguidades  na contemporaneidade”, que integra a programação do “II Mês da Diversidade Casa Una: manifestações de um mundo plural”.

O evento é gratuito e ocorre das 19h às 20h45. A lotação máxima é de 60 pessoas. A Casa Una localiza-se na rua Aimorés, 1.451 – Lourdes.


Saiba quem participará da mesa:

Aldo Clécius  – Especialista em Moda e Marketing. Pesquisador e consultor. Mestrando em Administração com pesquisa em estilo de vida. Professor do Instituto de Comunicação e Artes da UNA.

Clara Teixeira  – Professora do curso de Publicidade e Propaganda do Centro Universitário UNA. Mestre em Artes pela Escola de Belas Artes da UFMG.

Mariana Tavares Rodrigues  -  Pesquisadora de história da moda. Mestre em “Moda, arte e cultura”. Professora do curso de Moda do Centro Universitário UNA. 

O professor Aldo Clécius é um dos integrantes da mesa


II Mês da Diversidade Casa Una traz programação que discute a pluralidade no mundo

A diversidade em suas diferentes manifestações, as manifestações em sua diversidade. De 23 de setembro a 17 de outubro, a Casa Una de Cultura abriga o “II Mês da Diversidade Casa Una: manifestações de um mundo plural”, realizado pelo Projeto de Extensão Una-se contra a Homofobia e pelo Instituto de Comunicação e Artes da Una.  A entrada é gratuita para toda a programação.

Na programação, debates, mesas-redondas e sessões comentadas que abordam temas como diversidade sexual, raça, gênero, moda, cinema, publicidade e as manifestações de junho, que tomaram o país. “Buscamos  promover uma discussão que fosse também uma celebração da pluralidade em nossa sociedade”, informa Roberto Reis, coordenador do projeto Una-se contra a Homofobia.

 O II Mês da Diversidade traz a bela exposição de fotos “Beijos contra a intolerância”, que ganhou as redes sociais em abril deste ano e teve repercussão nacional. O evento conta ainda com trabalhos de estudantes desenvolvidos no Instituto de Comunicação e Artes. Algumas fotos ilustram o cartaz de divulgação do evento (abaixo).




A abertura oficial do Mês ocorre no próximo dia 26 de setembro (quinta), às 19h, mas a programação já tem início na próxima segunda dia 23 com a sessão comentada “Travestilidades", que exibirá o filme “Kátia”, de Karla Holanda. Parceria com o projeto Cine Repertório, a sessão integra a IX Semana BH sem homofobia, que antecede a Parada LGBT de Belo Horizonte.

Toda a programação será realizada na Casa Una de Cultura, localizada na rua Aimorés, 1451, Lourdes.  A exceção é para a sessão comentada “Travestilidades”, que ocorrerá no auditório do 2º andar da Una Aimorés no mesmo endereço. Assista abaixo ao trailer do documentário de Karla Holanda.





Veja a programação completa do II Mês da Diversidade.

23 de setembro (segunda) Sessão comentada “Travestilidades” sobre o documentário “Kátia”, de Karla Holanda. Parceria com o projeto Cine Repertório, a sessão integra a IX Semana BH sem homofobia.

Horário: 19h30.

4 de outubro (sexta) – mesa  “Moda, mídia e gênero:  tensões e ambiguidades  na contemporaneidade”.

Horário: 19h-20h45

10 de outubro (quinta) – Sessão comentada do curta-metragem “TransHomemTrans”, da diretora Tatiana Carvalho Costa.

Horário: 19h


17 de outubro  (quinta) – Sessão comentada  “Mulheres no Hip Hop”  sobre o  documentário “A arte de ser”, realizado pelo projeto Hip Hop das Minas (2ª ed.) do coletivo Negras Ativas.


Horário: 19h

Campanha "Beijos contra a Intolerância" estimula respeito a todas as formas de amor e conquista BH


Tudo começou por um beijo como forma de protesto e se transformou num movimento  que envolveu centenas de pessoas em apenas uma semana de divulgação pelas redes sociais. A campanha “Beijos contra a intolerância”, promovida pelo Instituto de Comunicação e Artes do Centro Universitário UNA e pelo projeto de extensão UNA-se contra a Homofobia saltou do mundo on-line para o off-line e rendeu belas fotografias. A mensagem principal? Toda manifestação de amor deve ser respeitada.
“Pensamos que seria importante pautar essa discussão sobre o respeito à diversidade sexual e ao afeto nesse momento em que vemos a propagação de discursos de ódio por gangues neonazistas e líderes de seitas fanáticas. Marcamos então uma sessão de fotos com o professor de Psicologia da UFMG Marco Aurélio Máximo Prado em que nós dois nos beijávamos”, conta o idealizador da campanha, o professor Júlio Pessoa, coordenador dos cursos de Moda e Cinema da UNA. “A intenção era oferecer nosso afeto no lugar do ódio deles. Como educadores temos esse papel de promover o respeito aos valores democráticos e ao pluralismo”, defende Júlio Pessoa.

Foto de professores da Una e da UFMG impulsionou campanha de sucesso

A foto dos dois professores repercutiu tanto nas redes sociais que foi criada uma sessão aberta à comunidade acadêmica da UNA e à população de BH. Um evento foi criado na página do Facebook do projeto UNA-se contra a Homofobia. “O sucesso foi imediato! Planejamos uma sessão de fotos no dia 22 de abril, mas  tivemos de abrir uma sessão extra no sábado seguinte porque foram muitos os pedidos. O Facebook foi nosso instrumento principal de divulgação”, conta o professor Roberto Reis, coordenador do projeto UNA-se. Durante a campnaha, a página do projeto teve um alcance semanal de 91.500 pessoas.
Para a professora de Comunicação Social da UFMG Joana Ziller, os sites de redes sociais (SRS) têm desempenhado papel de catalisador das discussões políticas: “Os SRS permitem que pessoas que pensam de forma semelhante se encontrem, ainda que estejam separadas por questões geográficas ou temporais. Assim, fomentam a busca por direitos de parcelas da sociedade que, mesmo minoritárias, veem suas demandas ganharem em circulação e reconhecimento.”

Clique aqui e veja mais fotos da campanha.