Mercado LGBT de BH vira tema de monografia de estudantes da UNA


Um público que gostaria de ver seus locais de lazer comprometidos com a bandeira contra a homofobia. Essa foi uma das conclusões a que chegou o Trabalho de Conclusão de Curso de um grupo de estudantes de Publicidade e Propaganda do Centro Universitário UNA. Para o trabalho, intitulado “Comportamento de consumo do público gay no setor de entretenimento e lazer: um estudo exploratório na região Centro-Sul de Belo Horizonte (MG)”, foram realizadas 96 entrevistas com clientes gays em dez boates e três bares da região centro-sul da capital mineira. A equipe do Una-se conversou com a estudante Tauana Gerken, uma das autoras da monografia, que recebeu nota máxima na banca de avaliação no final do semestre passado.

Una-se: Por que estudar o mercado LGBT em BH? De onde surgiu a idéia?

Tauana Gerken: O interesse em estudar essa temática surgiu, no primeiro semestre de 2011, a partir da idealização do projeto de uma empresa especializada no entretenimento e lazer para o público gay em Belo Horizonte, desenvolvido durante a disciplina Tidir (Trabalho Interdisciplinar Dirigido). Notamos que não tínhamos dados para conhecer o perfil do consumidor gay em BH. A escolha em fazer o recorte do consumidor homossexual do gênero masculino se deu em virtude da percepção de um maior acervo de referências disponíveis e detalhadas no que diz respeito aos que hoje se identificam como gays. Devido ao tempo curto para o desenvolvimento e aplicação da pesquisa e por ela ser exploratória, optamos pela região de Belo Horizonte.

Una-se: Quantas pessoas entrevistaram? Quantos lugares foram visitados?

Tauana Gerken: A pesquisa aplicada é do tipo survey com método quantitativo. Utilizamos como fonte e guia o Manual do Sebrae para definir a quantidade de entrevistados de acordo com a nossa realidade. Conforme a tabela apresentada no manual, definiu-se que, para a pesquisa ser validada, eram necessários 96 questionários aplicados. A escolha do campo se deu a partir do recorte retirado do Guia BHG, produzido pela Libertos Comunicação, que possui a classificação dos estabelecimentos do circuito noturno gay de Belo Horizonte. Decidimos visitar 13 locais, sendo dividido em dez boates e três bares na região centro-sul da capital.

Una-se: Quais os principais resultados encontrados?

Tauana Gerken: Ao final da análise, concluímos nossa percepção quanto ao perfil e forma de consumo do público gay inserido no sistema de consumo de entretenimento e lazer em Belo Horizonte. O público médio dos nossos entrevistados tem idade entre 18 a 35 anos, mora com a família, prefere frequentar bares, restaurantes e boates, declara querer que os locais de lazer também levantem a bandeira do arco-íris e que se comprometam com o público e questionam a qualidade e diversidade dos estabelecimentos e a falta de espaços públicos.

Una-se: Dos livros que vocês pesquisaram, quais vocês indicariam para os estudos LGBTs?


Tauana Gerken: Não tivemos acesso a muitos livros, mas nos baseamos nos estudos de alguns autores que consideramos mais relevantes para o tema, como Adriana Nunan, Laura Bacellar e Franco Reinaudo. Indicamos leituras de artigos e livros desses autores, que abordam temas mercadológicos e sociais.

Por João Vitor Fernandes
Foto: Arquivo pessoal